O projeto Amazônia Vox, uma iniciativa do Instituto Bem da Amazônia, foi um dos nove projetos brasileiros selecionados para participar do Programa Jogo Limpo 2.0, promovido pelo ICFJ (International Center for Journalists) e Youtube Brasil. Além do Amazônia Vox, grupos e iniciativas já bastante conhecidas, como o jornal Folha de São Paulo e as agências Alma Preta e Lupa também foram escolhidos.
No total, foram mais de 80 inscrições de todo país para participar do programa, que prevê fase de mentoria para acompanhar e orientar os projetos, além de suporte financeiro para apoiar parte do projeto. A escolha dos projetos vencedores foi feita por uma equipe composta por especialistas do ICFJ e juízes externos, do Brasil e Argentina, considerando critérios como inovação e criatividade, adequação ao tema e estruturação da proposta.
O projeto Amazônia Vox é um banco de fontes de conhecimento da Amazônia e fomenta uma rede de freelancers de comunicação que atuam na região. Com isso, a iniciativa visa facilitar o acesso de jornalistas de outras regiões e países à fontes com conhecimento da Amazônia e, assim, promover maior protagonismo de lideranças e vozes amazônicas em reportagens sobre o tema. Dentro do programa Jogo Limpo 2.0, a equipe do Amazônia Vox poderá produzir conteúdos, ouvindo fontes amazônidas, buscando combater a desinformação sobre a região.
“Poderemos na fase de mentoria aperfeiçoar o projeto e pretendemos trabalhar temas que são foco de desinformação sobre a região para criar conteúdos de qualidade e profundidade, ouvindo e dando protagonismo para os amazônidas e quem vive e produz conhecimento na Amazônia. E consideramos que o fato de criar essa plataforma e facilitar o acesso também é um passo para garantir mais pluralidade, diversidade e espaço das vozes amazônicas nas narrativas sobre a região”, diz Daniel Nardin, jornalista responsável pelo projeto e diretor do Instituto Bem da Amazônia.
Atualmente, o Amazônia Vox está com um site provisório no ar, para cadastro voluntário e colaborativo de fontes e freelancers. A expectativa é que no início de maio a plataforma de busca seja disponibilizada, ainda que em fase de testes. O site para acesso é o www.amazoniavox.com.
Além do Amazônia Vox, outro projeto da região amazônica foi selecionado para o Jogo Limpo 2.0. Cley Medeiros, com o projeto “Educação midiática para comunidades ribeirinhas, indígenas e periféricas da Amazônia”. A proposta visa resolver o problema do “distanciamento estrutural entre populações socialmente vulneráveis e o universo do jornalismo, um dos motivos para o grande impacto das notícias falsas entre essas populações, além da hostilidade para com o trabalho de jornalistas”, diz o texto de divulgação do programa.
Para realizar o projeto, o jornalista amazonense pretende realizar oficinas de alfabetização midiática para comunidades ribeirinhas, indígenas e periféricas de cidades da Amazônia, tendo como objetivo principal aproximar leitores do universo da produção da notícia. “Na última etapa do projeto, participantes de cada localidade construirão um jornal comunitário, para que o projeto deixe um legado na região”, destaca o texto.
Veja, abaixo, um resumo dos demais sete projetos selecionados (texto reproduzido do release publicado pelo ICFJ).
Pergunta pra Folhinha!
Organização: Folha de São Paulo
Problema a resolver: crianças estão amplamente expostas a todo tipo de conteúdo em vídeo, incluindo informações falsas e materiais de baixa qualidade. Somado a isso, existe ainda pouquíssimo conteúdo para esta faixa etária que enderece o problema.
Projeto: série de vídeos animados para crianças entre 4 e 12 anos que abordem, de forma lúdica, temas sensíveis e atuais que, constantemente, são alvos das narrativas desinformacionais. O objetivo final é que as crianças sejam também apresentadas ao jornalismo profissional numa idade em que suas percepções sobre o mundo estão sendo formadas e em que a educação midiática exerce papel fundamental.
Lupa nos Golpistas
Problema a resolver: Impacto das informações falsas e campanhas coordenadas de desinformação nos processos eleitorais.
Projeto: mapeamento das publicações falsas que levaram brasileiros a participarem de atos antidemocráticos em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023 e posterior produção de um documentário de média metragem, focado nos indivíduos que participaram destas ações, que demonstre como as informações falsas impactam diretamente a vida das pessoas e muda o curso da história de nações.
Organização: Lupa
Ampliando a voz da comunidade negra contra a desinformação:
Organização: Alma Preta Jornalismo, em parceria com Sleeping Giants Brasil
Problema a resolver: Falta de informações estruturadas sobre como a desinformação atinge a população negra no Brasil, gerando como consequência, poucos projetos e campanhas de combate à desinformação com este enfoque.
Projeto: campanha para coleta de denúncias de notícias falsas direcionadas às pessoas negras. Após coleta, checagem e análise das denúncias, os autores do projeto irão produzir um relatório pioneiro com indicativos e recortes sobre como a desinformação afeta a população negra no Brasil.
Checagem Acessível
Organização: Eficientes, em parceria com a Lume Acessibilidade
Problema a resolver: Falta de acessibilidade nas plataformas de checagem de notícias e consequente maior vulnerabilidade das pessoas com deficiência à desinformação que circula nas redes.
Projeto: construção de um relatório com diagnóstico do nível de acessibilidadede dos onze sites verificadores de notícias brasileiros; elaboração de um manual detalhando como as ferramentas de verificação podem tornar suas funcionalidades mais adequadas às diretrizes de acessibilidade e, por fim, uma capacitação em comunicação acessível e tecnologias assistivas para as equipes de todas as organizações que foram analisadas.
Escola livre de ódio
Organização: Instituto Porvir
Problema a resolver: Crescimento mundial do extremismo com ataques às escolas como sendo uma de suas repercussões nacionais. Associação entre o alto consumo de notícias faltas e atitudes intolerantes. Exposição das juventudes às narrativas extremistas e baixa instrumentalização na comunidade escolar para combater a circulação e os efeitos das notícias falsas.
Projeto: Guia multimídia para educadores sobre a relação da desinformação com o crescimento do extremismo e de discursos de ódio nas escolas brasileiras. O material investiga o contexto de ataques em escolas e oferece orientações para professores promoverem práticas de combate às notícias falsas e de educação midiática.
Pulpo Antifiction
Organização: Correio Sabiá
Problema a resolver: narrativas falsas que questionam a credibilidade do sistema eleitoral e colocam em risco a democracia.
Projeto: Um mapa global interativo para concentrar, num só lugar, características essenciais de todos os sistemas eleitorais do mundo e permitir comparações. A audiência poderá selecionar países diferentes e comparar processos eleitorais, obtendo informações sobre cada sistema (tempo de apuração, tamanho do eleitorado, obrigatoriedade do voto ou não, etc).
Quer que eu desenhe? - Combatendo a desinformação da cultura no Brasil
Problema a resolver: campanhas de desinformação sobre as políticas públicas de cultura, o financiamento da cultura e artistas que compõem o cenário cultural do país.
Projeto: produção de conteúdos de qualidade e em novos formatos do jornalismo digital para combater a desinformação no campo da cultura e arte. Os formatos serão: jornalismo em quadrinhos, FAQ ilustrado (com uso de animação e interatividade) e Vídeos-Ensaios.
Organização: Revista O Grito!