Por Governo Federal - Ciência e Tecnologia
Com apoio de parceiros estratégicos, o Museu Goeldi promove a partir do dia 5 de maio até o final de novembro de 2025 uma extensa programação com debates sobre os impactos das mudanças climáticas e a construção de soluções sustentáveis para a Amazônia. O Ciclo reúne cientistas, gestores públicos, empresas, organizações sociais e jornalistas.
Agência Museu Goeldi - A meses para a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), a ser realizada em novembro, em Belém, o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) irá promover diálogos e ações pertinentes aos temas do evento global nos momentos pré e durante a COP. As atividades iniciam-se no próximo dia 5 de maio, segunda-feira, com uma palestra sobre o contexto geral da COP 30 e um debate sobre os desafios e perspectivas dos mecanismos de financiamentos climáticos (REDD+) para a contenção e a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. Os eventos são abertos ao público em geral, tendo como local o auditório Paulo Cavalcante, no Campus de Pesquisa do Museu Goeldi (com capacidade para 200 pessoas) e também será transmitido ao vivo pelo canal do Museu Goeldi no Youtube.
Ao longo de toda a programação, as atividades estarão divididas em quatro eixos de atuação: 1) Eventos Científicos, com debates, palestras, seminários e conferências sobre mudanças climáticas e os desafios amazônicos; 2) Ações Expositivas, com mostras científicas, artesanais e artísticas; 3) Ações Educativas, de educação ambiental e científica; e 4) Lançamento de produtos de comunicação e divulgação da ciência.
Os objetivos desta programação abrangente estão ligados à promoção e reflexão sobre questões fundamentais à conservação e desenvolvimento da Amazônia, além de dar visibilidade às narrativas indígenas e de comunidades tradicionais, fortalecendo o diálogo entre as diferentes formas de conhecimento.
A instituição, que completa 160 anos em 2026, não apenas irá participar do maior fórum climático do mundo, mas assume seu papel de articulador dos saberes, das narrativas e soluções baseadas na própria Amazônia para o enfrentamento às mudanças globais do clima.
O diretor do Museu Goeldi, Nilson Gabas Júnior, reforça este papel articulador da instituição diante do tema. “Tenho explicado, continuamente, que as mudanças climáticas são a crise definidora do nosso tempo. A ciência é a ferramenta mais confiável para entender suas complexidades e conceber soluções eficazes, especialmente quando em diálogo com os povos indígenas e as comunidades tradicionais, que têm sido os guardiões mais eficazes da Floresta Amazônica há séculos. O Ciclo de Diálogos “COP 30 Com Ciência” é uma convocação do Museu Goeldi, e parceiros, para a conversa, o debate e a imersão nas questões amazônicas. A realização desse conjunto de eventos que iremos apresentar ao longo de 2025, junto com parceiros, reflete o esforço institucional de conhecer, buscar respostas, articular interlocutores, construir cooperativamente e compartilhar o que aprendemos - isso é um exercício e um valor estrutural do MPEG, desde sua concepção, há quase 160 anos”.
A pesquisadora e coordenadora de Pesquisa e Pós-Graduação do Museu Goeldi, Marlúcia Martins, destaca a necessidade de incluir a ciência no debate climático e envolver a sociedade como um todo nesta discussão. Além disso, os debates não se restringem apenas aos cientistas, mas incluem representantes de diferentes setores da sociedade.
“Nós precisamos entender como a biodiversidade é afetada pelas mudanças, como as cidades de um modo geral são afetadas, como a floresta é afetada, como as comunidades tradicionais, as populações indígenas são afetadas e que respostas nós podemos ter.
E dentro dessa linha de respostas, nós precisamos ver alternativas que podemos oferecer e ofertar ao mundo. A Amazônia, como a maior floresta do planeta, é um importante vetor para essa discussão e para propor soluções. Nós temos um legado milenar de populações que convivem com a floresta, desenvolveram tecnologias para a conservação da biodiversidade. E isso precisa ser levado ao mundo como modelo. Nós precisamos discutir também as alternativas econômicas e que podem sair dos produtos da floresta e da forma com que as pessoas tratam a economia no âmbito da vida, da cultura e da floresta”, ressalta a pesquisadora.
No âmbito das colaborações institucionais e da temática dos financiamentos climáticos (REDD+), Alison Castilho, coordenador da Amazônia Brasileira/Pará do CIFOR-ICRAF Brasil, instituição parceira na organização do Ciclo de Diálogos, conta como o evento possui um potencial estratégico nas discussões da COP 30.
“Para nós, o debate sobre REDD+ importa e tem tudo a ver com a COP30 e com o momento atual da "corrida do carbono" que acompanhamos na região. Muitas vezes, a questão econômica é colocada à frente do bem viver dos povos e comunidades tradicionais. A primeira edição do Ciclo de Diálogos é uma oportunidade de somar esforços em prol de processos justos e inclusivos para lidar com esse tema. Consideramos estratégico pois, como organização de pesquisa internacional, nosso papel nos países onde atuamos é buscar parcerias com instituições de referência nos territórios. É muito bom poder colaborar com o Museu Paraense Emílio Goeldi”.
Programação de Maio – No dia 05/05, será realizado o lançamento do Ciclo de Diálogos COP 30 Com Ciência, às 10h, no auditório Paulo Cavalcante, no Campus de Pesquisa da instituição. Com o título “A COP 30 como catalisadora de soluções climáticas para a Amazônia e o Brasil, a palestra inaugural será feita pela pesquisadora titular do MPEG e assessora da FINEP, Ima Vieira. A mediação é do jornalista Daniel Nardin, do Amazônia Vox.
A programação continua na parte da tarde com a Mesa 1, que ocorrerá às 13h30, cujo tema será “Financiamento para contenção e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas”, com a participação de Roberto Araújo Santos (MPEG), Francisco de Assis Costa (NAEA/UFPA), Andrew Miccolis (CIFOR-ICRAF), Haydee Marinho (SEMAS Pará). A moderação é do jornalista Ismael Machado, da Amazônia Real.
Em seguida, teremos uma segunda mesa que irá abordar as experiências de duas etnias com o REDD+. Com o tema “Justiça Climática e Sustentabilidade dos Territórios”, o debate terá a participação dos caciques Irakadju Ka’apór e Valdeci Tembé, de Thomas Mitschein (Trópico em Movimento / UFPA), Herena Corrêa de Melo (MPE/PA) e Monique Vanni (Diretora da WWC). A moderação será da jornalista Luciene Kaxinawá (TV COIAB e TV Futura).
Todos os debates previstos até a COP 30 gerarão relatos e serão condensados em único documento a ser encaminhado como contribuição aos organizadores da 30ª Conferência das Nações Unidas Sobre Mudança do Clima.
A programação de maio segue no dia 15/05 com a realização do WallDay na Amazônia. A área de pós-graduação do Museu Goeldi renderá homenagens ao naturalista britânico Alfred Russel Wallace, um dos pioneiros da teoria da evolução por seleção natural, desenvolvida contemporaneamente à teoria da evolução das espécies de Charles Darwin. Wallace realizou uma grande expedição científica na Amazônia no período de 1848 a 1852, explorando a fauna, flora e culturas indígenas da região, quando inclusive residiu em Belém.
No dia 16/05, sexta-feira, um novo diálogo terá lugar.
A mesa redonda “Respostas da Biota amazônica frente às mudanças climáticas”, coordenado pela pesquisadora e curadora da Coleção Herpetológica, Ana Prudente. O debate com pesquisadores levanta questões sobre o potencial adaptativo das espécies amazônicas às mudanças climáticas; a extinção de espécies; e explora experiências de como mitigar os efeitos climáticos para conservar a biodiversidade.
Nos meses seguintes, o público do Museu Goeldi também terá contato com mais debates, novos produtos de divulgação científica, ações educativas, exposições e feiras.
Sue Anne Costa, coordenadora de Comunicação e Extensão do Museu Goeldi, ressalta a diversidade da programação para COP30, que também contará com diferentes exposições apresentadas no Parque e Campus do Museu Goeldi em parceria com organizações sociais, instituições culturais, etnias e artistas. Nesse conjunto, Sue destaca a nova versão da exposição "Diversidades", que será apresentada em novembro como convite ao público para refletir sobre a pluralidade da Amazônia, a partir do acervo e pesquisas desenvolvidas no MPEG.
“Essas ações refletem o compromisso do Museu Goeldi com a preservação do patrimônio amazônico, a produção de conhecimento científico e o fortalecimento do diálogo com os povos indígenas e comunidades tradicionais. Nesse conjunto plural de atividades o Museu reafirma seu papel como um centro de escuta, aprendizagem e construção conjunta de futuros para a Amazônia, pontua Sue Anne.
Acompanhe a Agência Museu Goeldi e as redes sociais do Museu Goeldi para saber as novidades da programação, que inclui exposições, feira de gastronomia e artesanato, ações educativas e novos produtos de divulgação da ciência.
CIFOR-ICRAF - O Centro de Pesquisa Florestal Internacional e o Centro Internacional de Pesquisa Agroflorestal (CIFOR-ICRAF) pesquisam o poder das árvores, florestas e paisagens agroflorestais para enfrentar os desafios globais mais prementes do nosso tempo – perda de biodiversidade, mudanças climáticas, segurança alimentar, meios de subsistência e desigualdade. CIFOR e ICRAF são Centros de Pesquisa CGIAR.
Museu Goeldi - Centro pioneiro nos estudos científicos dos sistemas naturais e socioculturais da Amazônia, bem como na divulgação de conhecimento, organização e manutenção de acervos de referência mundial relacionados à região. Estimula a apreciação, apropriação e uso do conhecimento científico sobre a região pela população.
Vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o Museu Goeldi é um dos mais antigos, maiores e populares museus brasileiros. Foi fundado em 1866 na cidade de Belém, onde está localizado seu Parque Zoobotânico e o Campus de Pesquisa. Mantém ainda no Arquipélago do Marajó (PA) a Estação Científica Ferreira Penna, um laboratório avançado para o estudo do funcionamento da Floresta Amazônica.
Texto: Denise Salomão
Edição: Joice Santos
Serviço
DIA 05/05 (Segunda-feira)
Local:
“Financiamento climático perspectivas e desafios dos mecanismos REDD+”
Coordenação: Marlúcia Martins
Os impactos atuais e potenciais do REDD+ nas comunidades frequentemente interrompem os meios de subsistência e estratégias, instituições e sistemas socioculturais dos povos locais de várias maneiras, como compartilhamento desigual de benefícios, insegurança alimentar, introdução de novas partes interessadas poderosas, aquisição ilegal de terras, consentimento prévio, livre e informado, e a introdução de plantações de monocultura. Para melhorar o desempenho do REDD+, estudos recomendam engajamento aprimorado com as comunidades locais, aumento de financiamento para reforçar intervenções no terreno e mais atenção aos resultados de carbono e não carbono na implementação e avaliação.
Programação
13:00 - MESA 1 “Financiamento para contenção e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas”
● Como financiar a contenção e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas nos países mais biodiversos?
● Os mecanismos existentes são efetivos?
Debatedores: Roberto Araújo Santos (MPEG), Francisco de Assis Costa (NAEA UFPA), Andrew Miccolis (CIFOR-ICRAF) e representante SEMAS.
Moderador: Ismael Machado (Amazônia Real)
14:30 - COFFEE BREAK
15:00 - MESA 2 “Justiça climática e sustentabilidade dos territórios”
● Como utilizar esses mecanismos para alcançar a sustentabilidade dos territórios onde são implementados?
● Como avançar de modo a alcançar a justiça climática com sustentabilidade territorial?
Debatedores: Irakadju Ka'apór, liderança Tembé, Thomas Mitschein (UFPA e Trópico em Movimento), representante do Ministério Público do Pará e representante da empresa WWC
Moderadora: Luciene Kaxinawá (TV Coiab e TV Futura)