Texto de Mateus Miranda, com edição de Carla Fischer
Fotos: Filipe Bispo
Como importante ferramenta na economia da Amazônia e na neutralização das emissões de gases de efeito estufa, a restauração florestal foi tema de painel realizado nesta quinta-feira (7), durante o segundo dia da II Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias.
"É um setor novo, pré-competitivo. Mas, eu vejo isso como oportunidade. A gente está num momento que precisamos união para que tudo possa dar certo. A problemática é sistêmica", disse Gregory Maitre, CEO da Morfo Brasil, que utiliza inovações tecnológicas como drones, inteligência artificial e reprodução de ecossistemas no processo.
A restauração florestal tem impactos significativos, incluindo a neutralização das emissões de gases de efeito estufa, a geração de empregos e o fortalecimento de uma bioeconomia que valoriza os recursos florestais de forma sustentável, em oposição ao desmatamento. Dessa forma, promove benefícios sociais, econômicos e ambientais, com a participação ativa das comunidades locais.
A iniciativa de jornalismo Amazônia Vox realiza nesta semana sua primeira cobertura presencial e em tempo real. Contando com uma equipe de doze profissionais, serão destacados os principais pontos e debates dos painéis durante a II Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias. Acompanhe a cobertura aqui.
"Os povos indígenas possuem conhecimento milenar de florestamento, sustentabilidade e ecologia equilibrada. Como eles podem ser ouvidos? Por que investir em alternativas externas? Esses pontos precisam ser integrados", comenta Jafé Ferreira de Souza, advogado e membro do Conselho Geral Sateré-Mawé, que reforçou também a importância da demarcação de terras como uma forma de garantir todo um mosaico de direitos.
Aspecto reforçado por Luis Piva, gerente do programa Floresta em Pé, na Fundação Amazônia Sustentável. "Precisamos garantir a participação dos povos indígenas e quilombolas. Nenhum elemento assim funciona sem lidar com as populações tradicionais. Olhar o ponto de vista deles a partir deles. Como isso os afeta", apontou.
Segundo Garo Joseph Batmanian, Diretor-Geral do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, as discussões são importantes, mas as ações são ainda mais essenciais. "Precisamos começar a agir. E, ao fazer isso, devemos adotar uma abordagem diferente: ouvir mais do que falar para compreender melhor as necessidades e a cultura locais", afirmou. Para ele, é fundamental que as soluções sejam mais rápidas. "Se esperarmos todas as respostas, isso levará muito tempo, e o mundo pode mudar. Precisamos assumir esse risco".
Paisagem
O Brasil possui 500 milhões de hectares. Um pouco mais de 80 milhões de áreas desmatadas e 320 milhões que sobrevivem no país. Além do processo de restauração, para Beto Veríssimo, Cofundador do Imazon, Diretor do Centro de Empreendedorismo da Amazônia, é necessário também cuidar de ambos os espaços com equilíbrio e equivalência. "Quanto mais biodiversidade, mais você tem uma floresta saudável. Mas, primeiro, precisamos tirar as florestas desgastadas da UTI, sem abandoná-las", alertou.
Potencial
Estima-se que a restauração florestal possa gerar 500 milhões de reais em carbono. Segundo a Diretora de Soluções Baseadas na Natureza, Patrícia Fagundes Daros, o fato traz variados benefícios às florestas. "Aumenta a cobertura vegetal, melhora a qualidade do solo e aumenta a quantidade de espécies e biodiversidade no país", explicou.
A cobertura especial do Amazônia Vox na Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias é um oferecimento da Vale.